Planeta Terra. Cidade, Cúcuta, no Norte de Santander na Colômbia.
Uma juíza acabou sendo suspensa por três meses após aparecer seminua e fumando na cama, durante uma audiência virtual. O caso aconteceu na semana passada.
Na audiência estava sendo discutido um atentado feito dentro de uma brigada do exército colombiano em Cúcuta, em junho de 2021. Enquanto testemunhas e advogados falavam, a câmera da juíza estava desligada. Depois de uma hora do início da audiência, a câmera da Juíza foi ligada e mostrava a julgadora deitada na cama, descabelada e com cara de sono. Um advogado a avisou e ela imediatamente desligou a câmera.
Como já era de se esperar em tempos de redes sociais, o vídeo vazou e viralizou fazendo com que a juíza fosse alvo de um processo disciplinar.
“Tal situação não condiz com o cuidado, respeito e circunspecção com que um juiz da república deve administrar a justiça, denotando uma clara falta de respeito por parte do funcionário”,
escreveram os magistrados que compõem a Comissão que decidiu pela aplicação da pena.
Em entrevista à Blu Radio, da Colombia, Vivian negou que estava seminua e disse estar deitada por ter sofrido um ataque de ansiedade e a pressão ter baixado. A magistrada afirmou que estava “extremamente sobrecarregada”, o que lhe causou prejuízo na saúde mental. Ela também disse que vive uma rotina de intimidação pelos colegas pela maneira como se veste.
Pela conduta a juíza foi suspensa por três meses.
Não é a primeira vez que a juíza se mete em fria por suas condutas pouco ortodoxas. Antes dessa audiência ela já havia sofrido outras penalidades por vestimentas não apropriadas. Em sua defesa, afirmou que a cidade - para onde se mudou para exercer o cargo - era muito quente e por tal razão trabalhava de shorts e camisetas. A conduta não agradou e ela foi obrigada a adotar a túnica, o que na opinião dela foi uma reprimenda por se vestir de uma maneira "muito sexy".
As redes sociais da juíza já mostravam que ela pensava bem fora da caixa. Com quase 400k de seguidores a juíza posta fotos em lingerie em seu Instagram que nem de longe parece pertencer a um membro do Judiciário. Na referida conta ela se identifica como crossfiteira e classifica a conta como blog pessoal. O que eu posso dizer depois de visitar o perfil é que de fato, em Cúcuta deve mesmo fazer um calor dos infernos!
E se fosse aqui, caro leitor? O desfecho do caso seria diferente?
Claro... QUE NÃO. O código de ética da magistratura é claro:
Art. 1ºO exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro.
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral.
O assunto é indigesto.
O Judiciário é - e sempre foi - um poder permeado pelos "melindres" e regras de vestimenta e comportamento. Você tem o seu lugar de sentar, a roupa certa, os maneirismos certos. Isso é aqui ou em qualquer outro lugar. Independentemente da cultura, aquele que se coloca a julgar o próximo deve mostrar uma conduta irreprochável. É o mínimo que se espera de alguém que vá colocar outro ser humano para cumprir uma pena, determinar que ele pague algo para alguém ou cumpra uma obrigação qualquer.
Mas a regra do jogo é clara e quem nele no jogo já sabe previamente do que terá que abrir mão. Como não existe "almoço grátis", acredito que é um preço justo a se pagar pelo local de prestígio que se ocupa e o salário polpudo que se recebe.
Mesmo com todos os prós, ainda penso que é um preço muito alto a se pagar. Entre a toga e a liberdade pessoal, ainda sou mais a última. Por isso prefiro ser advogada. Ainda que eu não poste nenhuma foto de lingerie em minhas redes sociais, duvido que a OAB fosse se importar se eu o fizesse, desde que eu estivesse em dia com a sagrada anuidade.